Galeria V Congresso da Cidade

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Transformação cidadã de Bogotá inspira mobilização na Capital


"Sempre que se tenta algo novo, a inércia age com força contrária", disse o ex-prefeito de Bogotá e professor de Física, Paul Bromberg, ao relatar o desafio de comandar o processo de transformação pelo qual a capital colombiana e seus 7 milhões de habitantes passaram nos últimos 16 anos. Bromberg palestrou na manhã desta sexta-feira, 19, em programação do 5º Congresso da Cidade, realizada na Federasul. (fotos) (vídeo
A palestra foi acompanhada pelo prefeito José Fortunati, que na solenidade de abertura enalteceu a experiência de Bogotá como referência para a América do Sul. "O exemplo da capital colombiana confirma que o cuidado com a cidade é uma tarefa permanente, na qual o poder público deve cumprir a sua parte, mas com a fundamental participação dos cidadãos. Com todo o conhecimento transmitido, saímos hoje mais fortalecidos para cuidar da nossa", afirmou.

Baseado nesse princípio de união de esforços, Fortunati reforçou a confiança no potencial de mobilização dos porto-alegrenses no movimento Porto Alegre: Eu curto. Eu cuido. "Aposto no envolvimento que é histórico na Capital, o qual apenas precisa ser qualificado", avaliou o prefeito. O secretário de Coordenação Política e Governança Local, Cezar Busatto, reforçou o comprometimento do município em qualificar a gestão. "A prefeitura trabalha para melhorar os serviços públicos, mas isso não basta se não houver uma mudança de comportamento, no qual as pessoas sintam-se donas da cidade", reforçou.


Amor por Bogotá - Bromberg relatou que, em 1994, quando começou a se desenhar o processo de transformação, a cidade era marcada pelo vandalismo, falta de segurança pública e desordem. "Havia uma desvalorização generalizada da cidade. Depois do narcotráfico e da guerrilha, o principal problema da Colômbia era Bogotá", contextualizou o ex-prefeito, afirmando que o espaço público era dominado pela informalidade, incluindo indústria, comércio, meio ambiente e moradias, e que os impostos não eram pagos nem cobrados com eficiência.

A construção da cultura cidadã foi um processo capitaneado pelo governo do então prefeito Antanas Mockus a partir de 1995. A iniciativa teve três grandes etapas, chegando no atual movimento “Amor por Bogotá”, que hoje conta com atuação intensa do meio acadêmico, do qual Bromberg faz parte, como professor da Universidade da Colômbia. Ele esteve à frente da prefeitura em 1997, quando Mockus renunciou para concorrer à presidência.

De acordo com Bromberg, o foco na construção de uma cultura cidadã provocou uma necessidade e vontade nos moradores que desejavam uma nova realidade, mas não tinham orientação para promover a mudança. “Mesmo cientes de que as coisas não andam bem, as pessoas já estabeleceram algumas rotinas, então agem de forma automática”.

O princípio da cultura cidadã chegou como um conjunto de costumes e rotinas que facilitam a convivência. O governo constituiu programas para fazer a sua parte na qualificação do mobiliário urbano, da estruturação dos serviços, qualificação dos funcionários públicos, para então poder mobilizar as pessoas a disseminarem um novo comportamento. “Cada um deve se sentir vigiado pelos demais”, disse o professor.

O sistema evoluiu para uma combinação entre o exercício da autoridade e a adesão voluntária daqueles que queriam uma nova cidade. “É um processo permanente até se chegar ao bem comum. E nem sempre é possível recorrer à cultura cidadã para resolver os problemas, é preciso exercer autoridade para impor uma conduta diante da lei”, considerou Bromberg. Segundo ele, a polícia é um exemplo de instituição que passou por um processo de qualificação para resgatar o respeito e autoridade diante da população.

Além de Bromberg, vieram da Colômbia os especialistas Ivo Santigago Villaraga, especialista em avaliação de políticas pública, e Tatiana Maria Bertel, sociológa e mestre em urbanismo. Os dois convidados comandam neste sábado, 20, a partir das 9h, uma oficina de capacitação em cultura cidadã, no auditório da Secretaria de Administração (Siqueira Campos, 1300, 4º andar). A atividade integra a programação do 5º Congresso da Cidade, promovido pela prefeitura, com apoio de instituições como Federasul, Agenda 2020, Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia, Parceiros Voluntários, Estante Pública, portoalegre.cc, Observatório de Porto Alegre, PUCRS, UFRGS, Ulbra e Unisinos.

A campanha "Porto Alegre: Eu curto. Eu cuido." é um movimento que une a mobilização de todos os porto-alegrenses com ações concretas da prefeitura. No site www.eucurtoeucuido.com.br estão disponíveis os detalhes da campanha, vídeos e jingles.

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