Em Porto Alegre, existe uma legião de pessoas que cuidam de outras pessoas. São cuidadores de filhos, de pais idosos, amigos com dificuldade de locomoção, pacientes terminais que precisam do auxílio e da solidariedade de outros seres humanos. São pessoas que cumprem uma tarefa nobre, mas que pode também ser sinônimo de sacrifício, cansaço, abnegação. A arquiteta Marilice Costi perguntou-se, certo dia, como seria a vida desses cuidadores e quais suas necessidades.
Em uma caminhada no Parque Farroupilha, fotografou uma árvore oca, resistente e com copa verdejante. Era assim que percebia um cuidador sem autocuidado: esvaziado em sua energia de tanto cuidar, mas gerando frutos e flores, apesar da base abalada. Essa imagem, algum tempo depois, ilustraria a primeira capa da revista O CUIDADOR, que, desde 2008, conta a história do cuidado com as pessoas.
Para Marilice, cuidar de cuidadores era um projeto de vida que ela perseguiu desde que frequentou uma reunião de familiares no Centro de Atenção Psicossocial Centro em Porto Alegre. A dor que percebeu ali e a falta de perspectivas dos familiares a apavoraram.
Marilice tem quatro filhos e um neto. Foi com o filho especial que aprendeu o valor do cuidador. Quando traficantes de drogas tentaram usá-lo como volante, percebeu que a sociedade faz vista grossa para essa situação e decidiu escancarar a história, lançando, em 2000, o livro Como controlar os lobos?.
Em fins de 2007, ela encontrou Osvaldo Pontalti, editor de revistas técnicas, que a auxiliou a elaborar o projeto e a dar os primeiros passos para empreender. Naquela data, não havia nada importante na Internet com o foco O CUIDADOR. Foi quando a revista passou a ser gestada, voltada ao interesse social, com abrangência nacional, dirigida a profissionais da saúde, profissionais e responsáveis por atendimento especial. Além disso, orientar para reduzir a doença denominada síndrome de Burn-out, tida como a que resulta da exaustão do cuidador. Em agosto de 2008, a primeira contribuição veio de Moacyr Scliar. As matérias foram sendo solicitadas e outros escritores colaboraram. Autores de muitos lugares do Brasil e de Portugal, Argentina e Israel foram compondo as edições. A revista passou a penetrar instituições, ONGs, escolas e clínicas. Hoje, O CUIDADOR circula através de assinaturas em quase todos os Estados do Brasil e tem publicação bimestral. Para manter vivo o projeto, Marilice, que além de arquiteta hoje define-se como mãe, cuidadora, editora, escritora e artiterapeuta, conta com o apoio de parceiros e apoiadores.
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